Lula: começando a entender o imbróglio ideológico que o tragou.
Em fala recente, o Sr. Lula da
Silva atacou o funcionalismo público em geral. Não vejo nesta atitude um mal em
si, mas o prenúncio que este senhor começa a entender o imbróglio em que se meteu.
Sua ira vai se tornar ainda maior à medida que, acredito, ele perceber a
dificuldade para consertar o estrago realizado.
Lula apareceu para a sociedade
brasileira como um líder sindical, comprometido com reivindicações de classe:
melhores salários, condições de trabalho, etc. À medida que sua ação repercutia
e aglutinava os operários, chamou a atenção de parte da esquerda, constituída
em sua maioria por professores e alunos de universidades públicas paulistas,
alguns artista, etc. Em sua maioria, uma turma ideologicamente atrasada, que
não havia refletido sobre os erros do stalinismo (denunciados por Nikita
Khrushchov em 1956, criticas que foram abafadas pela liderança do Partido
Comunista no Brasil). Uma turma que misturava os erros burocráticos e cruéis do
stalinismo soviético com as sandices não menos cruéis da revolução cultura
chinesa. Imagine este caldo cultural embalado pela aventura da revolução
cubana. Anexando os adeptos do projeto de revolução universal do trotskismo, o
caldo de cultura esta completo. Este grupo, dentro das premissas do Marxismo
Leninismo, viu no Sr. Lula da Silva o Moisés que guiaria o povo escolhido, a
classe operaria, à terra prometida. Este grupo funda o PT e arroga para si o
monopólio de condutor único do país para o revolução social. Qualquer
semelhança com o modus operandi de uma religião de fanáticos não é mera
coincidência, o que explica o horror desta turma a outras manifestações
religiosas. Encurtando a história, como diria o próprio Marx, repetiu-se aqui,
como farsa, a corrupção generalizada de valores, morais e administrativos, que
aconteceu na URSS e países satélites do Leste Europeu. Uma reflexão sincera
sobre os erros que culminaram com a derrocada da União Soviética teria evitado o
imbróglio atual da esquerda brasileira.
Enfim, o Sr. Lula da Silva começa
e entender que se, ao invés de “comissários do povo” do estilo José Dirceu e
seu time de universitários, tivesse ouvido intelectuais legítimos como Darcy
Ribeiro e jovens revolucionários como Fernando Gabeira, só para exemplificar, poderia
ter chegado ao século XXI e ao seus setenta anos de vida como um Nelson Mandela
da latinidade. O Sr. Lula da Silva talvez entenda que sua bronca não é com o
funcionalismo público em geral. Sua ira deve ser dirigida ao subconjunto deste,
formado pelos guias acadêmicos que odeiam a classe média, pelos bajuladores de
plantão, pelas lideranças sindicais que, notadamente no meio universitário, ao
invés de promoverem o debate cosmopolita de ideias, engendraram pelo caminho
tortuoso e fratricida da via stalinista. Para a grande maioria da sociedade
brasileira a ficha já caiu. O Sr. Lula da Silva está aprendendo com as ruas.
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bons filmes sobre o declínio moral e material da URSS e seus satélites
- Quando papai saiu em viagem de negócios
- A vida dos outros
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